Nos últimos anos, as fintechs têm desempenhado um papel essencial na transformação do setor financeiro, impulsionando a inclusão financeira e promovendo práticas sustentáveis. Por meio de inovações tecnológicas, essas empresas disruptivas oferecem soluções que democratizam o acesso a serviços bancários e financeiros, beneficiando milhões de pessoas tradicionalmente excluídas do sistema financeiro convencional. Ao mesmo tempo, muitas fintechs estão incorporando princípios de sustentabilidade e responsabilidade social em suas operações, alinhando-se aos critérios ESG (ambiental, social e governança), que têm se tornado um padrão nas práticas empresariais modernas.

Inclusão financeira: democratizando o acesso

O conceito de inclusão financeira refere-se ao acesso equitativo a serviços financeiros acessíveis e úteis. Segundo Demirgüç-Kunt et al. (2021), em sua pesquisa para o Banco Mundial, cerca de 1,4 bilhão de pessoas em todo o mundo ainda estão “desbancarizadas”. As fintechs têm sido agentes fundamentais na redução dessa lacuna, especialmente em economias emergentes. Plataformas como o mobile banking e as carteiras digitais permitem que pessoas sem conta bancária tradicional possam realizar transações financeiras de forma rápida e segura.

No Brasil, por exemplo, empresas como Nubank e PicPay têm liderado essa transformação, oferecendo contas digitais acessíveis e eliminando a necessidade de agências físicas. Isso facilita a inclusão financeira em regiões remotas, onde bancos tradicionais muitas vezes não possuem presença. Além disso, o uso de inteligência artificial e machine learningem processos de análise de crédito possibilita que mais pessoas e pequenas empresas tenham acesso a empréstimos e financiamento, mesmo sem um histórico de crédito formal.

Sustentabilidade: fintechs e os critérios ESG

Além da inclusão financeira, as fintechs estão cada vez mais alinhadas com a sustentabilidade, incorporando critérios ESG em suas operações e práticas de negócios. O relatório “Global fintech 2023”, publicado pela KPMG, aponta que muitas fintechs estão priorizando o impacto ambiental e social em suas decisões estratégicas. Ao digitalizar os processos financeiros, reduzem o uso de papel e energia, e algumas empresas vão além, investindo em tecnologias verdes e em projetos que visam promover a educação financeira e o desenvolvimento sustentável.

Um exemplo relevante é o da Aspiration, fintech norte-americana que oferece serviços bancários sustentáveis, incluindo contas que prometem um impacto ambiental positivo, compensando as emissões de carbono dos seus clientes e investindo em projetos ecológicos. No Brasil, o banco digital Cora, voltado para micro e pequenos empreendedores, adota princípios de responsabilidade social, oferecendo educação financeira gratuita e facilitando o crédito para pequenos negócios.

Desafios e oportunidades para as fintechs

Apesar do progresso, ainda há desafios para as fintechs na promoção da inclusão financeira e da sustentabilidade. Um dos principais é a regulamentação, já que as legislações muitas vezes não acompanham o ritmo das inovações tecnológicas. Além disso, a adoção de práticas ESG ainda é incipiente em várias partes do mundo, especialmente em mercados emergentes. No entanto, o crescimento exponencial dessas startups e o aumento da conscientização dos consumidores sobre a importância da responsabilidade social sugerem que as fintechs continuarão a evoluir.

De acordo com Peter Drucker (1993), “a inovação é a ferramenta específica dos empreendedores”. Esse pensamento está no centro da atuação das fintechs, que, ao inovar, encontram maneiras de equilibrar o lucro com o propósito social e ambiental. Grandes gestores de fintechs, como David Vélez (Nubank), têm destacado a importância de combinar acessibilidade financeira com responsabilidade ambiental e social, visando transformar o sistema financeiro global.

Considerações finais

As fintechs estão moldando um futuro em que a inclusão financeira e a sustentabilidade caminham lado a lado. Ao oferecer soluções acessíveis e responsáveis, essas empresas contribuem para a construção de uma economia mais justa e sustentável. No entanto, é crucial que o ecossistema fintech continue a evoluir com base em princípios éticos e com o apoio de regulamentações adequadas para maximizar seu impacto positivo na sociedade.

Referências

DEMirGÜÇ-KUNT, A.; KLAPPER, L.; SINGER, D.; ANSAR, S. The Global Findex Database 2021: Financial Inclusion, Digital Payments, and Resilience in the Age of COVID-19. Washington, D.C.: World Bank Group, 2021. Disponível em (click aqui). Acesso em: 23 out. 2024.

DRUCKER, P. Innovation and Entrepreneurship. New York: Harper Business, 1993.

KPMG. Global fintech report 2023. 2023. Disponível em (click aqui) Acesso em: 23 out. 2024.

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