Lean e Six Sigma são amplamente adotadas no mundo empresarial. Essas metodologias buscam aprimorar a eficiência, reduzir desperdícios e garantir a qualidade de produtos e serviços. Embora compartilhem objetivos semelhantes, suas abordagens são diferentes. No entanto, a combinação de ambas, chamada de Lean Six Sigma, tornou-se comum. Empresas que buscam excelência operacional integram a eliminação de desperdícios do Lean com a precisão analítica do Six Sigma.

Lean (gestão enxuta)
O Lean surgiu a partir do sistema Toyota de produção na década de 1950. Seu objetivo é aumentar a eficiência eliminando atividades que não agregam valor aos processos. No livro Lean Thinking (1996), Womack e Jones consolidaram os cinco princípios do Lean:
- Valor: identificar o que é valor do ponto de vista do cliente. O valor é aquilo que o cliente está disposto a pagar, e a empresa deve se concentrar em entregar isso.
- Fluxo de valor: mapear todas as atividades de um processo para identificar e eliminar desperdícios. O mapeamento é crucial para visualizar gargalos.
- Fluxo contínuo: as operações devem fluir sem interrupções, gargalos ou paradas. Isso aumenta a eficiência, reduz o tempo de ciclo e melhora a entrega de valor.
- Produção puxada: a produção ocorre em resposta à demanda real do cliente, evitando estoques desnecessários e superprodução.
- Perfeição: a melhoria contínua (kaizen) enfatiza a busca constante por eliminar desperdícios e otimizar processos.
Womack e Jones descrevem o Lean como uma abordagem que visa “criar valor com menos recursos”. Os sete desperdícios centrais no Lean — superprodução, espera, transporte, processamento desnecessário, estoques excessivos, movimentação desnecessária e defeitos — são cruciais para otimizar processos.
Six Sigma
O Six Sigma foi criado pela Motorola na década de 1980. Seu objetivo é reduzir a variabilidade dos processos e melhorar a qualidade, garantindo que produtos e serviços estejam dentro de especificações rigorosas. Harry e Schroeder (2000) definem o Six Sigma como uma “disciplina baseada em dados”, projetada para eliminar variações que comprometem a qualidade.
Uma das principais ferramentas do Six Sigma é o ciclo DMAIC (definir, medir, analisar, melhorar e controlar):
- Definir: identificar claramente o problema a ser resolvido e os objetivos do projeto.
- Medir: coletar dados sobre o processo atual para avaliar o desempenho.
- Analisar: usar análises estatísticas para identificar as causas raízes dos problemas e defeitos.
- Melhorar: desenvolver e implementar soluções para eliminar as causas raiz.
- Controlar: monitorar as melhorias para garantir sua sustentabilidade ao longo do tempo.
O Six Sigma busca alcançar um nível de qualidade com apenas 3,4 defeitos por milhão de oportunidades. Segundo Harry e Schroeder, sua precisão analítica e uso intensivo de dados garantem a melhoria contínua.
A evolução do Six Sigma
O Six Sigma foi desenvolvido na Motorola e trouxe melhorias significativas. Ao longo dos anos, empresas como a General Electric (GE) também adotaram a metodologia. Jack Welch, ex-CEO da GE, foi um grande defensor do Six Sigma. Ele o implementou em larga escala, transformando a cultura da empresa. Segundo Welch (2005), “o Six Sigma ajudou a GE a alcançar uma transformação cultural e de negócios”.
A implementação do Six Sigma na GE resultou em profundas mudanças. A empresa reduziu defeitos, aumentou a eficiência e melhorou os resultados financeiros. Para Welch, a metodologia não apenas melhorou processos, mas criou uma cultura corporativa focada em resultados mensuráveis.
Lean Six Sigma: a integração das metodologias
A combinação do Lean com o Six Sigma resulta em um poderoso método de gestão. George (2002) foi um dos primeiros a formalizar essa integração. Empresas podem se beneficiar da redução de desperdícios do Lean e da abordagem estatística do Six Sigma para obter resultados duradouros.
A General Electric, sob a liderança de Jack Welch, foi um exemplo notável de sucesso ao implementar o Lean Six Sigma. Outras empresas, como Ford e Honeywell, também adotaram a metodologia. Conseguiram grandes ganhos em eficiência operacional, redução de custos e melhorias na qualidade dos produtos.
Pesquisas recentes, como a de Shah e Ward (2007), destacam a importância de métricas adequadas para medir a implementação do Lean. Elas avaliam a eliminação de desperdícios e o impacto na eficiência operacional. Essa pesquisa valida a eficácia do Lean de forma quantitativa e estratégica.
Diferenças e complementaridades
Embora Lean e Six Sigma compartilhem o objetivo de melhoria contínua, suas abordagens são distintas. O Lean foca na eliminação de desperdícios e aumento da eficiência. Já o Six Sigma busca reduzir a variabilidade e melhorar a qualidade por meio de ferramentas estatísticas.
A combinação dessas metodologias é extremamente eficaz. O Lean Six Sigma oferece uma abordagem equilibrada, permitindo que as empresas eliminem desperdícios e aumentem a qualidade de maneira sistemática. A fusão é eficaz em setores onde eficiência e qualidade são críticas, como manufatura, saúde e tecnologia.
Considerações finais
As metodologias Lean e Six Sigma, aplicadas individualmente ou em conjunto, proporcionam um caminho comprovado para a excelência operacional. Enquanto o Lean elimina desperdícios e melhora o fluxo de valor, o Six Sigma garante a qualidade e a consistência por meio de análises rigorosas. Empresas que adotam o Lean Six Sigma combinam o melhor de ambas as abordagens, resultando em processos mais eficientes e de alta qualidade.
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Referências
- GEORGE, M. L. Lean Six Sigma: Combining Six Sigma Quality with Lean Speed. New York: McGraw-Hill, 2002.
- HARRY, M.; SCHROEDER, R. Six Sigma: The Breakthrough Management Strategy Revolutionizing the World’s Top Corporations. New York: Doubleday, 2000.
- SHAH, R.; WARD, P. T. Defining and developing measures of lean production. Journal of Operations Management, v. 25, n. 4, p. 785-805, 2007.
- WOMACK, J. P.; JONES, D. T. A Mentalidade Enxuta nas Empresas. Rio de Janeiro: Elsevier, 1996.
- WELCH, J.; WELCH, S. Winning. New York: HarperCollins, 2005.